sexta-feira, maio 19, 2006

Tapetes de Arraiolos



Falar-se da tapeçaria alentejana é imediatamente associado aos magnificentes trabalhos bordados a ponto de Arraiolos, que ornamentaram outrora o chão de Palácios, igrejas e casas senhoriais e depois, democratizaram e hoje correm mundo, enriquecendo a decoração de muitos espaços públicos e habitações particulares.
Arraiolos teria sido um dos locais de acolhimento de famílias mouriscas, que depois de 1496, foram expulsas da mouraria de Lisboa por ordem de D. Manuel I.
Algumas dessas famílias rumaram para Espanha, outras para o Norte de África. Outras desejosas de “terra firme” ficaram mesmo, por exemplo, em Arraiolos. Convertendo-se ao catolicismo, pelo menos aparentemente, tornando-se nos novos cristãos, apoiaram-se nas profissões que normalmente exerciam, como a agricultura.
Estes artesões exímios, aproveitando a abundância de lã que na altura existia, do bom acolhimento da população local, dedicaram-se à manufacturarão de tapeçaria, que se veio a chamar de “Tapetes de Arraiolos”.
Documentos antigos que se referem ao fabrico destes tapetes, na vila de Arraiolos datam do final do séc. XVI, supondo-se que a sua implementação date de tempos mais recuados.
Estes tapetes são manufacturados em tela de linho grosseiro, ou tela, ou serapilheira, com lã. Os motivos que preenchem os tapetes não foram sempre os mesmos ao longo dos tempos. Chegaram até nós graças às mãos laboriosas de gerações de bordadeiras, que lhe imprimem o melhor do seu gosto, da sua arte, com traços da vida da grande planície alentejana.
Na tentativa de classificar os tapetes de Arraiolos, têm sido agrupados em três épocas:
A 1ª época corresponde ao séc. XVII, caracterizada pela influência persa na composição decorativa e por alguns motivos geométricos inspirados em mosaicos e azulejaria, sendo o bordado feito sobre linho.
A 2ª época corresponde aos dois primeiros terços do séc. XVIII, na qual predominam desenhos de inspiração popular enriquecidos com motivos orientais. Surgem os animais, figuras humanas, juntamente com elementos florais. Este foi o período florescente da indústria artesanal em Arraiolos.
A 3ª época corresponde aos finais do séc. XVIII e ao séc. XIX, desaparecendo os motivos orientais, os arabescos e progressivamente os motivos populares, em favor das grandes ramadas e motivos florais, sendo a composição menos densa.
Nos finais do sé. XIX, a produção dos tapetes de Arraiolos é quase inexistente, limitando-se à existência de algumas bordadeiras que, por encomenda, executavam tapetes, assim como dos que para as suas casa, algumas senhoras da terra, nas noites longas de Inverno foram executando.
Segundo o mesmo autor, com o início do séc. XX, dá-se o “ressurgimento” dos tapetes de Arraiolos – um grupo de senhoras da terra, recriaram exemplares, com base em modelos, que, em épocas e tempo diferentes, foram referências obrigatórias dos tapetes de Arraiolos, dando-se início a uma nova época.
Segundo o mesmo autor, desse “renascimento”, deu-se a intensificação da produção dos tapetes, assim como, cresceu a procura levando à comercialização e internacionalização do produto.
Como consequência, nos últimos anos, tem-se assistido a uma “generalização” do tapete de Arraiolos, a técnica foi difundida e acabam por aparecer tapetes de Arraiolos, feitos, por exemplo, na China, onde a mão-de-obra à mais barata. Como tal, torna-se necessário, colmatar a ausência de certificação nacional e internacional, que garante a qualidades e a originalidade do tapete de Arraiolos.
Impõe-se, portanto, há muito, criar um instrumento legal que defendendo e valorizando o tapete de Arraiolos crie os mecanismos necessários à sua classificação, denominação de origem e certificação com base na qualidade e preceitos técnicos de produção.
É o que se pretende com o Projecto de Lei Projecto de Lei n.º 444/VIII Assegura a defesa e valorização do tapete de Arraiolos, no qual se propõe:
· Uma definição e critérios de classificação para o Tapete de Arraiolos;
· A criação do Centro para a Defesa e Valorização do Tapete de Arraiolos;
· A atribuição ao Centro de poderes e competências para a definição da área geográfica de produção do Tapete de Arraiolos susceptível de denominação de origem bem como para a fiscalização das condições de produção e respectiva certificação;
· A integração do Centro na Comissão Nacional para a Promoção dos Ofícios e das Microempresas Artesanais.

1 comentário:

Anónimo disse...

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