A notícia mais
recuada da povoação e território de Arraiolos é de 1217, ano de doação dos
mesmos ao bispo de Évora e ao Cabido pelo rei D. Afonso II. Então faziam parte
do vasto termo eborense, nascido da reconquista, o qual se prolongava, a Norte,
até Avis. A doação régia inclui o direito do donatário edificar um castelo. A
concessão veio, no entanto, a ser contestada por D. Afonso III, que pretendia
recuperar este território para a Coroa. A pretensão abrange o Vimieiro,
inicialmente parte do território arraiolense, mas que o bispo D. Martinho Peres
desanexara, com a concessão do respectivo foral, em 1257. Após um longo litígio,
em 1271, a vila e termo de Arraiolos, assim como Vimieiro, regressam à posse do
rei, através de um acordo que atribuía, no entanto, ao bispo do cabido, o
padroado das igrejas neles existentes e os respectivos direitos espirituais.
Contudo, antes de morrer, o monarca declarou devolver várias terras à
igreja, entre as quais, Arraiolos e Vimieiro, para resolver os seus problemas
que o opunham à Santa Sé. No entanto, o seu filho não cumpriu a sua vontade. D.
Dinis, pelo contrário, tomou algumas medidas demonstrativas do poder régio da
vila e seu termo.
A vila não chegou
a estar, um século sobre o poder directo da Coroa. D. Pedro I veio a entregá-la
a Rodrigo Afonso de Sousa, filho de
Afonso Dinis, que era filho bastardo de D. Afonso III. A concessão foi renovada
por D. Fernando, em 1367, logo depois de herdar o trono. Como o donatário não
teve descendentes legítimos, foi cedido, após a sua morte, ao conde de Viana D.
Álvaro Pires de Castro, irmão de Dona Inês de Castro, segundo Fernão Lopes por
interferência da Rainha D. Leonor, juntamente com título de conde de Arraiolos.
O primeiro conde de Arraiolos, era
de origem castelhana, foi também alcaide-mor de Lisboa e o primeiro condestável[1] do
reino. A sua presença em Arraiolos, com comitivas numerosas, devia de ser
frequente, atendendo aos protestos da população, pelo abusos que eram
cometidos. Como os paços do castelo, não eram suficiente para albergar todos,
estes, instalavam-se pelas casas dos moradores, fazendo uso de suas roupas,
utensílios e animais domésticos, cevada….
Contudo as vozes da população
fizeram-se ouvir junto ao rei, concluindo-se o acordo com o conde, que o
monarca ratificou em 1380.
A vila voltou ao domínio directo da Coroa. Porém, a 30 de Agosto, o Rei,
D. João entregou-a a um novo senhor, Fernão d´Álvares Pereira, em recompensa
dos bons serviços prestados na guerra contra os castelhanos. Contudo, o mesmo,
não viveu para exercer o senhorio das terras, pois morreu com apenas 24 anos,
foi morto durante a tentativa de conquista de Vila Viçosa, que estava nas mãos
de castelhanos.
Nuno Álvares Pereira foi o segundo
conde de Arraiolos, condestável do reino e principal apoiante do mestre de Avis
na guerra com Castela.
O terceiro duque de Bragança, D. Fernando III, foi o quarto conde de
Arraiolos. Contudo, este abusava, dos habitantes da vila, quando se deslocava à
mesma. D. Afonso V, prometeu fazer guardar os privilégios da população. D. João
II levou este donatário (Nuno Pereira) à execução na Praça Grande de Évora, em
1483 e à perda de seus bens por se opor às suas centralista.
A vila volta
novamente à Coroa, que seguidamente, foi cedida em donatária a um novo senhor, Pêro Jusarte.
D. Manuel I, logo depois de subir a trono e como forma de pacificar o
Estado, fortalecido já com a política do antecessor, reintegrou a Casa de
Bragança nas antigas honras, títulos e bens. A 16 de Agosto de 1496 confirmou a
D. Jaime, novo duque, a posse do
condado de Arraiolos e dos respectivos direitos e rendas. O anterior donatário
teria sido compensado, pela perda do senhorio, com outras mercês. O mesmo
sucederia com D. João II que, em 1542, reconheceu ao duque D. Teodoro a posse
do mesmo cargo. Por isso, o condado de Arraiolos e seu termo viria a
permanecer, no futuro, integrado na casa dos duques de Bragança.
A população vivia no castelo, mas por ser um
lugar um pouco inóspito, a população toucou pelos arrabaldes do
castelo. Pois a área exterior ao castelo era maior, onde podiam construir casa
maior, com quintais maiores, mais acessível para quem vivia de actividades
dependentes do tráfego regional e inter-regional, da terra.
A vila teve sempre muitas pessoas com
profissões ligadas ao artesanato,
como constata o Lançamento das Sisas de
1573-74. Neste, estão registadas a profissão de 114 moradores, onde 75% se
dedicam ao sector do artesanato (cardador, manteiro, pisoeiro, surrador,
tecelão, tintureiro e tosador), ligados à produção de tecidos 32 profissionais,
18 sapateiros). A
importância da tecelagem pode-se avaliar pelo número dos seus praticantes, como
já foi referenciado anteriormente.
Também um inventário de bens, ela adquire
realce, pois é frequente encontrar-se teares entre bens inventariados em casa
de moradores da vila de localidades do termo.
As posturas camarárias regulavam estritamente as
várias fases da produção de pano. Obrigando os tecelões a fazer os tecidos com
"tanto fiado para a tecedura como foi o da urdedura" para
evitar o "muito engano" que havia nessa matéria, sobretudo nos
panos que os trapeiros mandavam fabricar para vender. Aos tecelões era também
impedido entregar directamente aos pisoeiros os panos que tinham tecido,
excepto com autorização dos donos dos mesmos.
[1] Condestável - do Lat. comes, companheiro
+ stabuli, do estábulo s. m., nome que se dava antigamente ao chefe
supremo do exército; chefe de artilheiros; antigo intendente das cavalariças
reais; título do infante que, nas grandes solenidades, se colocava ao lado do
trono real; escudeiro-mor.
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