A vila de Vimieiro saiu à rua para participar na cerimónia de abertura do Centro Interpretativo do Mundo Rural, que decorreu no dia 2 de Agosto de 2009. A obra, que foi resultado de uma parceria estabelecida entre a Câmara Municipal de Arraiolos, a Junta de Freguesia de Vimieiro e a Associação Trilho, no âmbito do Programa "AGRIS", visa constituir não só uma memória individual e colectiva daquilo que foi a actividade mais importante na freguesia e no concelho - a agricultura - assumindo-se também como um recurso para a valorização desse mesmo património como forma de atrair gente à freguesia e ao concelho.
De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Arraiolos, Jerónimo Lóios, a conclusão deste espaço cultural "para além da preservação do mundo rural é ainda um contributo para a requalificação de um núcleo urbano de uma comunidade rural que pretende manter viva a tradição local, não como memória estática mas como matéria de construção evolutiva da qualidade de vida dos seus habitantes".
De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Arraiolos, Jerónimo Lóios, a conclusão deste espaço cultural "para além da preservação do mundo rural é ainda um contributo para a requalificação de um núcleo urbano de uma comunidade rural que pretende manter viva a tradição local, não como memória estática mas como matéria de construção evolutiva da qualidade de vida dos seus habitantes".
O autarca recordou que neste novo espaço público "procurou-se implementar estratégias arquitectónicas para atingir os objectivos pretendidos, passando entre a mera renovação de materiais e a plena reestruturação dos traçados originais, até à completa autonomia das partes novas da intervenção".
O centro foi construído a partir de um antigo lagar contíguo ao espaço da Santa Casa da Misericórdia "com quem acordámos a cedência de mais algum terreno desta instituição de modo a podermos ampliar o edifício". Segundo o autarca, o lagar que estava desactivado, "em estado de degradação", era privado, tendo a autarquia o adquirido e procedido a obras de requalificação.
Aqui, os visitantes podem encontrar muitas peças e objectos ligados ao mundo rural, entendidas "como peças de arte que comunicam momentos históricos e culturais" da comunidade alentejana. Neste sentido, o presidente da Junta de Freguesia de Vimieiro, Joaquim Fandango salientou que a maioria do espólio deste centro foi cedida pela população que esteve sempre ligada ao mundo rural e ao trabalho do campo. "Este espaço resultou da conciliação de vontades, da Junta de Freguesia, da Câmara Municipal e de muitas associações, pois apesar dos tempos que atravessamos quando há interesses comuns, os projectos concretizam-se, sendo o Centro Interpretativo do Mundo Rural um exemplo disso", sublinhou.
"Projecto enriquece toda a região"
Segundo o edil de Arraiolos, a quantidade de peças cedidas "daria para fazer um centro interpretativo três vezes maior, quem sabe um dia, se isso é possível", salientou, acrescentando ser este um projecto que enriquece não só a freguesia do Vimieiro, mas todo o concelho, o distrito e a região. "O mundo rural, hoje, desertificado, abandonado, envelhecido tem de ser combatido com as acções dos agricultores, dos trabalhadores que vivem da terra, mas também pode ser com projectos como este", afiançou.
Na perspectiva de Jerónimo Lóios, neste espaço retrata-se o património de uma sociedade "profundamente hierarquizada, definidora de relacionamentos e comportamentos" (última década do séc. XIX e primeiras décadas do séc. XX) de alguns lavradores, poucos seareiros e muitos trabalhadores sem terra, de parcos recursos e fraca escolaridade, "porque a escola é longe e mesmo meninos sempre já têm alguma serventia". Neste sentido, o Centro Interpretativo do Mundo Rural assume-se como "memória necessária das gentes que nas diferentes tarefas que os trabalhos do campo a isso obrigavam, concertados ou à jorna quando há trabalho que chegue, encontravam o seu único sustento", relembrou.
Utensílios, estórias de diferentes momentos do mundo rural, quadros do trabalho da terra como a desmoita e queimadas, o alqueive (preparação das terras antes das sementeiras), a adubação, a sementeira, a cozinha da casa alentejana, da oliveira ao azeite, do montado ao fumeiro, a monda, da ovelha ao queijo, o corte e manuseio de forragens, a ceifa, a debulha, a limpeza de cereais e o manuseio de palhas e do sobreiro ao carvão estão representados neste centro interpretativo.
Centro visa ser também um espaço de intercâmbio inter-geracional.
É este espólio que, no princípio do ano lectivo, vai ser visitado pelas escolas do concelho, mas também por estabelecimentos de ensino de todo o distrito de Évora e de outros distritos do país. No entanto, o autarca frisou que também as associações de reformados são um público privilegiado, "porque é importante fomentar o intercâmbio inter-geracional. É interessante que os avós expliquem aos netos aquilo que era a vida rural de antes para que se possa promover uma vida melhor nos dias de hoje".
Bárbara Domingues tem 75 anos e a neta quase seis. São muitas décadas e tempos diferentes que as distanciam e que as unem neste espaço onde a avó recorda "muita coisa do meu tempo quando trabalhava no campo e é tudo isto que estou a explicar-lhe". A neta disse ter gostado muito da cozinha, "dos pratos e dos alguidares", elementos que fazem parte da divisão mais importante da casa alentejana que funcionava como espaço social e de trabalho, sendo igualmente o local de confraternização familiar.
Este espaço museológico está a funcionar no Verão, de Maio a Outubro, de terça a sábado das 10h às 13h e das 15h às 19h e ao domingo das 10h às 13h. No Inverno, de Outubro a Abril, de terça a sábado, das 10h às 13h, das 15h às 18h e ao domingo das 10h às 13h.
De salientar ainda que o programa da abertura do Centro Interpretativo do Mundo Rural contou com a animação do grupo de música popular "Vento Suão" e do Grupo Coral Cantares de Évora, tendo após a cerimónia sido servido um almoço para toda a população.